23 de nov. de 2009

QUEM É MAHMOUD AHMADINEJAD?



O presidente do Irã, que chega nesta segunda-feira (23) ao Brasil, representa a face mais rígida da revolução islâmica que controla o país desde 1979.
LINHA DURA
O palácio do Itamaraty terá, nesta segunda-feira (23), um dos visitantes mais polêmicos de sua história. Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, chega ao país para encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma reunião que coloca em xeque a política externa do governo federal, como mostra reportagem desta semana de ÉPOCA.
Ahmadinejad é conhecido mundialmente por promover um programa nuclear ameaçador, por defender aberrações históricas, como a ideia de que o Holocausto é um “mito”, e por pedir que Israel seja “eliminado das páginas da história”. Figura canhestra, ele chegou à presidência do Irã por ser o que é: ícone da face mais linha-dura da revolução islâmica que controla o país desde 1979.
De origem humilde, Ahmadinejad, nasceu em 1956, filho de um ferreiro, na pequena cidade de Aradan, no norte do Irã. Quando tinha apenas um ano, a família se mudou para Teerã e, em 1976, ele ingressou na universidade para cursar engenharia civil. Seu estilo messiânico e apocalíptico no trato da política externa é resultado da união de sua fé com suas experiências políticas.
Assim como boa parte dos líderes da Guarda Revolucionária (a tropa de elite das Forças Armadas do Irã), Ahmadinejad é um seguidor do xiismo Hojjatieh, que prega que o caos tomará conta do mundo antes da chegada do Mahdi, o 12º Imã, que virá para purificar o mundo. O engenheiro religioso Ahmadinejad teve sua personalidade forjada na Revolução Islâmica de 1979, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, e na guerra de oito anos entre o Irã e o Iraque (1980-88).
Os relatos sobre sua vida na década de 80 são conflitantes e nebulosos. Ahmadinejad teria integrado a Guarda Revolucionária e servido em missões secretas em Kirkuk, no Iraque. Outros registros apontam que Ahmadinejad jamais integrou a Guarda Revolucionária, mas que teria participado de milícias próximas a ela. Entre seus “feitos”, também sem comprovação, há a participação no sequestro de funcionários da embaixada americana nos Estados Unidos (em 1979), no assassinato de um líder curdo na Áustria (em 1989) e na perseguição ao escritor indiano Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos.
No livro Ahmadinejad: The Secret History of Iran's Radical Leader (Ahmadinejad, a história secreta do líder radical do Irã), o jornalista iraniano Kasra Naji conta que o presidente do Irã emergiu da guerra como um político influente. Membro do Escritório para o Fortalecimento da Unidade (OSU, na sigla em inglês), um grupo ultra-conservador controlado pelo aiatolá Mohammad Beheshti, ligado a Khomeini, Ahmadinejad foi vice-prefeito das cidades de Maku e Hoy.
Aliado a clérigos da cidade sagrada de Qom e sempre próximo da Guarda Revolucionária, Ahmadinejad foi nomeado governador da província de Ardabil, na fronteira com o Azerbaijão, em 1993. Quatro anos depois, com a chegada do reformista Mohammad Khatami à presidência do Irã, Ahmadinejad foi afastado do governo de Ardabil.
Seu refúgio foi a universidade Elm-o Sanaat, onde começou a lecionar, até que, em 2003, com a ascensão de políticos radicais no parlamento municipal de Teerã, acabou nomeado para a prefeitura da cidade. Suas políticas conservadoras, antagônicas diante do que pregava a administração de seu antecessor, chamaram a atenção na capital. Ahmadinejad fechou restaurantes fast-food, proibiu que homens e mulheres pegassem o mesmo elevador em edifícios públicos e pediu que os homens usassem mangas compridas e barba nas ruas da cidade.
Após dois anos como prefeito, Ahmadinejad foi eleito presidente do Irã em 2005. Neste ano, foi reeleito, em uma votação marcada pela violência e por acusações de fraude, o que fez o ocidente acreditar que a revolução que ele representa começou a ruir. A rede de apoios que construiu em sua vida política, baseada especialmente no aiatolá Ali Khamenei, atual líder supremo do Irã e sucessor de Khomeini, fez com que Ahmadinejad conseguisse se manter forte no cargo.
JOSÉ ANTONIO LIMA

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